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Que bicho é esse? Jequitiranabóia


Conheça o lendário inseto amazônico da ordem Hemiptera, o Jequitiranabóia (Fulgora sp.), do Tupi-Guarani, "cigarra parecida com cobra".

Jequitiranabóia, cobra-voadora, cobra-de-asa, cigarra-doida, jacaré-namboya e muitos outros são alguns dos nomes comuns deste animal que pode alcançar até 9,5cm e faz parte da tradição popular amazônica. Na Costa Rica, a pessoa ferroada pelo inseto deve ter relações sexuais em até 24 horas para não morrer. No Brasil, há a crença de que apresenta um veneno mortal para homens e animais, capaz de ressecar árvores das quais se alimenta. Sua importância cultural é tão grande que, em 1987, a Sociedade Brasileira de Entomologia criou um selo comemorativo com a figura deste inseto.

Toda esta lenda é baseada em suas características morfológicas. Sua cabeça lembra a de jacaré, com falsos olhos protuberantes e dentes afiados. Assim como a de cobras, com uma mancha semelhante às escamas labiais e caroços das Boidae e um ponto negro igual às fossetas loreais de jararacas. Possui também um estilete sugador para alimentação, popularmente associado a um "ferrão". A aparente ausência de olhos assusta a população, entretanto, formam-se olhos compostos na base da cabeça. Manchas ocelares nas asas para alertar predadores, como em borboletas, são vistas em F. laternaria.

Algumas espécies desenvolvem eventualmente a bioluminescência devido a bactérias patogênicas no abdômen e cabeça.

Apesar de não se ter o registro de morte por estes insetos, pode haver ferroada por manuseio incorreto e eliminação ocasional de substâncias tóxicas (terpenóides) armazenadas de plantas consumidas.

A preferência por determinadas espécies de árvores para alimentação, reprodução e abrigo restringiu o habitat destes indivíduos. Mesmo com seu destaque cultural, o jequitiranabóia pode figurar na lista de espécies ameaçadas de extinção em razão da destruição frequente das florestas.

 

Fonte: Neto, E. M. C. Fatos reais e lendários sobre a jequitiranabóia. Ciência Hoje, vol. 34, n. 201, 2004.

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